Apresentação
Já em pleno inverno, encetei a
viagem de uma semana pelo Oceano Atlântico, nem sempre calmo, diga-se de
passagem, navegando desde o local do meu nascimento até Portugal. Por aqui
tendo ficado e trabalhado arduamente, ou não fosse eu um forte barco construído
com chapas recicladas de carros de combate utilizados na Primeira Grande
Guerra.
Tive a grata missão de
transportar as mais diversas pessoas: umas de origem humilde, outras figuras
importantes, de uma para a outra margem do Rio Tejo, orgulhando-me de ser o
barco que mais gente passei de uma para a outra banda.
Todos gostavam de mim e eu
próprio também tinha muito orgulho na minha pessoa, não por ser narcisista, mas
porque quando jovem, era de facto bonito, o mais rápido no Tejo, muito asseado,
o único que aqui usava motor diesel.
Ninguém, em todo o mundo, tinha hélices como as minhas, fabricadas em aço inoxidável, um material ainda pouco conhecido naquela época.
Ninguém, em todo o mundo, tinha hélices como as minhas, fabricadas em aço inoxidável, um material ainda pouco conhecido naquela época.
Por todos estes atributos não é
de admirar que tenha milhares de amigos, amigas e admiradores. Hoje, longe vão
os tempos da minha juventude, mas mesmo com a minha vetusta idade, ainda
ombreio com muitos jovens que se passeiam vaidosamente pelos nossos rios.
Muitos daqueles que gostam de mim olham-me admirado, quando me vêm no Rio Tejo. Provavelmente pensavam eles que eu já tinha morrido, mas ainda por cá ando, rijo e forte.
Outros já nem me tratam por “EVORA” o nome do meu batismo, mas gostam carinhosamente de me chamar “Velho Senhor do Tejo” e eu, que continuo vaidoso, como nos meus tempos de juventude, não me importo, até gosto!
Agora que já me apresentei, vou contar-vos a história da minha vida, a qual tem alguns episódios bem interessantes, vivenciados ao longo destes mais de 80 anos de existência.
Não levem a mal se não partilhar algo que conheçam, que julguem ser interessante e onde eu tenha sido interveniente ativo, mas a memória já vai tendo alguns lapsos e a idade não perdoa…
Não levem a mal se não partilhar algo que conheçam, que julguem ser interessante e onde eu tenha sido interveniente ativo, mas a memória já vai tendo alguns lapsos e a idade não perdoa…
Para melhor vos situar no tempo e no espaço, começo por vos descrever como era a zona ribeirinha da linda cidade de Lisboa, em cujo rio que a banha vivi e trabalhei durante a maior parte do meu tempo, contando-vos depois algumas passagens de que fui protagonista nos rios Tejo e também no Sado.
Procurarei também falar-vos um pouco sobre os meus donos e o que eles fizeram por mim e eu também por eles, pois claro!
www.livrosdorui.blogspot.com